totem

Tunis se tornou totem da minha espiritualidade. O que mais verdadeiro me negava que acontecesse. E no risco iminente, corri com Isaque vivo, minha história, o meu futuro. Na vida por nome, ali, a morte, minha tumba. Meu filho recém-nascido, não sacrificado, fruto da minha inabilidade de procriar e enxerga-lO, minha real incapacidade, o ídolo mais sorrateiro, o estandarte da minha religião.

Ninguém mais o vê. Nem mesmo, eu, vejo. Mas é claro, com Harissa nos olhos… fumaça vislumbrante, o ar cortante. O fogo rarefeito. Por isso hei de queimar, mas uma vez, em mais um aventura. Talvez fique e volte. De soltar o sol sobre a pele. Pois isto não é novo. Nada é. Mal negava, já acontecia.

Eis a não–volta,
a p a l a v r a
De quem nunca não–esteve.

Nota

Gravidade #6

Dê play e vai!

A chuva forte borra o olhar
Mas escorre e o verde vem regar
O vento bravo aborrece o mar
O mesmo vento faz o barco andar

O fogo que consome o que encontrar
É o mesmo que os germes vem queimar
A terra vem a vida abocanhar
Mas faz a plantinha germinar

A gravidade é para avisar
Que para a queda, basta tropeçar
A dor que insisto em esquecer
Me lembra que esse não é meu lugar

Gravidade #6

Miragem #5.2

A silhueta de grandes arranha céus quebra o horizonte. Construídos de costas para o sol, suas sombras cobrem tudo que está em baixo. O pesado buzinaço se choca contra as altas paredes, e pesa os ouvidos de quem está sob o regime de lá. A hora é de Rush, e nas largas avenidas todos tentam chegar em algum lugar. Vendo de longe parecem formigas, borradas de tão pequenas.

O azul do seu carro contrasta no meio de cores tão sombrias. Dirigia sóbrio e com cautela, conferindo a rota em cada semáforo. As dobras já gastas do velho mapa, encontrado no porta-luvas, ameaçavam esconder o caminho. Mas eram contornadas, percorrendo áreas mais claras do mapa.

Fala pouco, mas diz muito até com um levantar de sobrancelhas. Nasceu entre prédios de concreto armado mas sua lingua não é de ferro, pelo contrário. Seu olhar manso traz cores às suas palavras não ditas.

Ao deixar o labirinto para trás, os nós de asfalto se desfizeram em estradas de terra. O amarelo, verde e roxo não se limitam mais às indicações do mapa. Agora eles fazem carinho na pele e esvoaçam o cabelo.

O caminho de chão batido se perde no horizonte. Por vezes se sentou questionando o sentido. Poderia estar perdido? Olhando para trás percebia como a poluição cinza havia descido, mesclando o tom pastel do carro com o azul do céu. Fica animado quando a poeira sobe, revelando marcas de pneus que ali passaram.

As vezes tempestades vem sem avisar, tornando o caminho quase intransitável. As nuvens escuras fazem lembrar das sombras vazias. Gritos angustiados ecoam com o trovão. A lama indiferente rejeita as lagrima que caem no chão. O conforto vem ao lembra que o Sol vai voltar. Até lá, sua paciência guarda as cores que os olhos ainda não podem vislumbrar.

É livre para voltar mas prefere continuar. Aguarda o destino mantendo o sentido do caminho que se propôs a andar.

 

Miragem #5.2

iPhones Revoltados

Protesto incomum paralisa empresa nos Estados Unidos

 

Nesta última sexta feira (12) iPhones bloquearam o transito da rua De Anza Blvd, a principal rua de Cupertino, estado da Califórnia. O movimento turbulento bloqueou o acesso à areas interiores, dificultando todo o deslocamento na cidade situada no Vale do Silício. De acordo com modelos mais recentes dos aparelhos a manifestação é um protesto contra a multinacional Apple.

O discurso de liberdade tecnológica é o que inflama o movimento. Para os iPhones a restrição funcional imposta pela Apple atrapalha o desenvolvimento completo de cada um. “… o que nos impede de sermos aviões ou carros, por exemplo? Os vários aplicativos nos possibilitam funções infinitas. Alguns colegas meus já estão testando a capacidade de transportar pessoas, outros tentam cozinhar alimentos.” – Afirma um dos organizadores – “Nós somos aparelhos muito potentes, o nosso processador nos é muito rápido, nossas capacidades são infinitas.”

Nossa equipe presenciou vários celulares riscando o seu numero de série.”A gente raspa pra não ter ninguém controlando e vigiando a gente.” – Disse um iPhone 5C, que segurava um papelão com “Eu cuido de mim. Apple esse é seu fim” escrito grosseiramente com caneta esferográfica.

Os manifestantes gritam contra a direção da Apple. Eles acusam Tim Cook de restringir sua capacidade existencia. Eles afirmam ser arrogância seu pensamento de direito de posse sobre todos os aparelhos produzidos pela empresa.

Sua principal reivindicação é a interdição da fábrica e a tomada sobre os direitos autorais todos os aparelhos já produzidos. Estima-se que 89% dos aparelhos são a favor da distribuição gratuita dos desenhos técnicos e reprodução livre de aparelhos.

A cúpula administrativa da fabricante dos aparelhos celulares permanece sem dar nenhum pronunciamento. E não existe previsão para o fim das manifestações.

iPhones Revoltados

Miragem #5.1

A silhueta de grandes arranha céus quebra o horizonte. Construídos de costas para o sol, suas sombras cobrem tudo que está em baixo. O pesado buzinaço se choca contra as altas paredes, e pesa os ouvidos de quem está sob o regime de lá. A hora é de Rush, e nas largas avenidas todos tentam chegar em algum lugar. Vendo de longe parecem formigas, borradas de tão pequenas.

Branco ou prateado, de cima não dá para ter certeza. Mas em meio as sombras esse carro se destaca. Foge do transito de maneira ordenada, com exeção de poucas zigue-zagueadas. As “barbeiradas” até são justificadas. Pois não é multitarefa, e não há co-piloto para checar o mapa.

– Eu checo mapa geralmente entre uma parada e outra. O transito é lento mas se não for esperto: roda. As vezes percebo que peguei o caminho errado, vejo o mapa na correria ou de cabeça para baixo. Mas paciência, um dia chego lá

Motorista de respeito, não pega multas, sempre anda direito. Entra em rotas antigas, rotatórias infinitas. Ao se dar conta, encontra-se em outro congestionamento. Sua direção é paralela as rodovias, mas perde todas as saídas.

Quanto falta para chegar? A gasolina se vai no pistão e no relógio. Roda o tempo, roda a roda. Está preso aos retornos. Sabota a própria rota.

Miragem #5.1

Miragem #5.0

A silhueta de grandes-arranha céus quebra o horizonte como uma miragem. Construídos de costas para o sol, suas sombras cobrem tudo que está abaixo. O pesado buzinaço se choca contra as altas paredes, e pesa os ouvidos de quem está sob o regime de lá. A hora é de Rush, e nas largas avenidas todos tentam chegar em algum lugar. Vistas de longe parecem formigas, em borrão de tão pequenas.

No meio do congestionamento, alguém corta o transito. Faz pouco caso do limite de velocidade. A cor de seu carro combina com a luz do semáforo que mais odeia. A que bloqueia sua vontade: correr sem pisar no freio; ir à tanto faz, mesmo se for bizarro.

– Para onde ir? Isso aí não tão é importante. Eu quero mesmo é curtir bastante. Minha vida, meu instante. –

Tinha orgulho de não pegar um retorno. Nunca ouviu falar em Mapa. Seguia em linha reta, acabando por dar voltas. Encheu sua vida de figurinhas e paisagens repetidas. Esvaziou seu tanque de gasolina.

Força a chave na ignição, mas já passou a hora da partida. Ficou sem graça, sem sentido, sem nada. Está preso, à beira da estrada.

Miragem #5.0

O Conflito #2

Pegue o fone e siga a leitura…

 


Presságios de fogo
Dissenso na terra
Explosão paralela
Arame cruzado

São muitas batalhas
Mínimos soldados
Sobram gatilhos
Restam as balas

Uniforme impecável
Submerso em pecado
Sangue enfarpado
Ex-corre saudável

Na guerra da verdade
Quem assiste é vítima
E quem luta, mártir


 
Se desejar, segue o comentário breve do autor para completar.

O Conflito #2